Poesia: Vida na Caatinga


 


Estão lá na Caatinga

Mandacaru, marmeleiro,

Outra planta resistente

É o pé de juazeiro,

Que dá sombra todo dia

E dá fruto o ano inteiro.


Nós vemos na Caatinga

A bravura do vaqueiro,

Que montado num cavalo

Tange a boiada ligeiro,

Enfrenta poeira quente,

Riacho, serra e atoleiro.


Quem visita a Caatinga 

Vê galinha no poleiro,

vê gente limpando mato,

Poeta em todo terreiro,

Vê forró de Gonzagão, 

Grandioso sanfoneiro.


As aves da caatinga

São quem despertam primeiro,

Alegram toda a floresta,

Protestam no cativeiro,

Comem xerém no quintal

Da casa do fazendeiro.


Convivem na Caatinga:

Cavalo, bode e carneiro,

Raposa, peba e tatu,

Cobra de bote certeiro,

Jumento, burro e preá,

Também há bicho leiteiro


Há anos, na Caatinga,

Não se temia grileiro,

Mas ninguém queria ver

Lampião, um cangaceiro,

Que com seu grupo perverso

Atazanava o roceiro.


Deus criou a Caatinga,

Deu a arte ao carpinteiro

Pra construir a viola

Do poeta violeiro,

Que leva a informação

Como faz um mensageiro.


Valorize a caatinga,

Não destrua, seja ordeiro!

Conheça bem nossa flora,

Regue sempre o umbuzeiro,

Preserve essa arquitetura, 

Não se sinta forasteiro!


Francisco Mélo

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